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26 abril 2011

Não me interessa convencer ninguém a pensar igual a mim.

Eu sei que para os religiosos "dependentes da fé em Deus", pode ser aterrador, sombrio ou até mesmo indecoroso alguém afirmar que não acredita nele. Ora, como pode alguém ousar dizer que Deus não existe? Sei que para essas pessoas a "não crença" em Deus parece algo estranho, absurdo e até mesmo ruim. E sendo bem sincera, eu entendo essas pessoas. Entendo porque sei que desde criancinhas somos induzidos a incorporar e a cultivar (além de propagar para as futuras gerações) essa crença em Deus.

papai_do_ceu O que é interessante nisso, é que ninguém nasce acreditando em deus (seja lá que deus for esse: hindu, judeu, egípcio, ameríndio…). Isso é uma coisa que "enfiam" em nossas lindas e inocentes cabecinhas infantis, logo que demonstramos alguma habilidade motora e intelectual. Quem nunca ouviu, quando era criança, que "se fizesse bagunça ou brigasse com o irmãozinho, Papai do céu castigaria?". Ou que se "você fosse bonzinho, Papai do céu iria gostar de você e te ajudar?"

Ou seja, somos levados desde cedo a acreditar que há sim esse "papai do céu", que mesmo "invisível" nos observa de longe e tem o poder de interferir em nossas vidas. Aprendemos isso e aceitamos como verdade, pois quando olhamos ao nosso redor, estão todos acreditando na mesma coisa. E entre esses "todos" estão as pessoas em que mais confiamos na vida: nossos pais, avós, tios, amigos… Então, como duvidar de algo que está tão enraizado em nossas vidas? Aliás… Aí de nós se não acreditarmos, né?! "Papai do céu" poderá ficar muito, muito bravo!

Eu também já acreditei em Deus! ;) Apesar de ter nascido ateia como todo mundo, fui induzida desde a época em que eu não pensava sozinha (minha primeira infância), a seguir uma religião e acreditar em um determinado Deus, que por um acaso, era o Deus cristão, da Igreja Católica (poderia ser Brahma ou Shiva, se eu tivesse nascido na Índia, ou até mesmo Hórus se eu tivesse nascido no Egito Antigo).

Shiva Gostei da pernas dele!

Porém, quando descobri que a única responsável pelos meus atos e conquistas era eu mesma (pq se eu não fizer nada por mim, não sair do canto, ficar sentada esperando as coisas "caírem do céu" e "não correr atrás do que quero", ninguém vai me dar p#@%& nenhuma),  passei a conduzir "meus pensamentos" e meus desejos para mim! É estranho? Pode até ser. Mas quando eu quero uma coisa, "trabalho" para isso. Converso comigo mesma e vejo as minhas possibilidades para conquistar o que desejo. Se você faz o mesmo, e quando consegue, acha que é "obra de Deus em sua vida", e pensar assim te faz bem, ótimo! Mas eu não penso da mesma forma. Não penso, pois acredito que posso realizar meus projetos sem precisar pedir isso a um ser invisível (e inexistente na minha humilde opinião) e ficar esperando pela nobre vontade dele.

esperando homem Como vocês sabem, religião não é o assunto central do meu blog, mas, vez ou outra, sou "obrigada" a falar sobre isso por aqui. Falar sobre religião ou a ausência dela na vida de determinadas pessoas, não é um troço muito fácil de se fazer. Sempre corre-se o risco de ser mal interpretado(a) e/ou levar uns desaforos pra dormir na mesma cama que você.

Mas tem hora que não dá pra fugir... Na verdade, eu nunca fujo de uma discussão desse tipo. No entanto, se não sou "cutucada" pra falar, eu não falo. Prefiro ficar quietinha no meu canto. Porém, sempre existe alguém que gosta de cutucar, né? (às vezes nem fazem isso por querer, mas fazem…). E geralmente são as mesmas pessoas que se aborrecem quando abrimos o bocão pra responder a "cutucada".

Bom, eu conheço muitos ateus que ficam falando o dia todo sobre ateísmo lá no twitter ou em seus respectivos blogs, e até se divertem com isso Alguns chegam até a direcionar tudo o que falam para esse mesmo tema - sempre. E outros chegam a dizer coisas desse tipo: se os religiosos fazem isso (ficam o tempo todo pregando a palavra do deus que eles acreditam), por que nós ateus não podemos fazer o mesmo, falando sobre o nosso ateísmo? Bem, não sei vocês, mas eu não quero ser igual às pessoas que critico. Principalmente em relação às ações dessas pessoas com as quais eu não concordo.

ateus

Lógico que não podemos nos sentir proibidos para falar sobre o assunto, ou para expor nossa opinião. Devemos falar sim, principalmente quando somos indagados, ofendidos, requisitados… Mas ficar "pregando" ateísmo por aí, eu já acho um pouco de exagero. É querer demais se igualar a determinados tipos de religiosos, que vez ou outra batem em sua porta, para tentar te convencer a acreditar no mesmo que eles.

Daí que eu fico muito indignada com qualquer tipo de proselitismo. Seja de ateus ou de religiosos. E nesse sentido, o que mais me causa ofensa, é quando alguém vem tentar me convencer de que Deus existe, desrespeitando minha liberdade de pensamento. Se pra você que acredita, "Ele" existe, isso já não é suficiente? Por que eu deveria obrigatoriamente crer no mesmo que você?

E então eu fico pensando: se eu não encho o saco de ninguém enviando mensagens ou e-mails sobre o ateísmo, dizendo que as pessoas não devem acreditar em deus, que essa crença é infantil, que é perca de tempo acreditar que há uma "força superior" interferindo na sua vida, ou qualquer coisa parecida, por que devo gostar que façam isso comigo?

E se vocês querem saber por que eu não faço isso, isto é, por que eu não fico insistentemente falando sobre o ateísmo aqui no meu blog ou em outro lugar, eu digo: simplesmente porque não me interessa convencer ninguém a pensar igual a mim. Nem fazer ninguém (des)acreditar no que eu (des)acredito. Sou amante da liberdade, inclusive a de pensamento. E da mesma forma que a quero pra mim, eu a quero para os outros. Quem quiser que chegue às suas próprias conclusões, assim como eu fui capaz de chegar. E se a conclusão que você chegou é a de que Deus existe, quem bom pra você! Mas lembre que nem sempre o que é bom para você, será bom para os outros.

Por isso, tudo o que peço é respeito, como já falei aqui inúmeras vezes. Porque uma coisa é quando alguém usa um espaço pessoal(como esse aqui) para falar sobre o que pensa, porque aí, ler quem quer. Outra coisa é quando alguém quer "interferir/influenciar" em sua vida e/ou em suas crenças pessoais, enviando e-mails, comentários ou imagens religiosas diretamente para sua caixa de e-mail, todo "santo" dia. Acho isso muito invasivo.

Acredito que só quando entendermos que as diferenças existem, e passarmos a compreender que cada ser humano é livre para pensar ou acreditar no que achar melhor, é que conseguiremos ter um pouco de paz no nosso dia-a-dia. Se todos tivessem consciência do quão importante é o respeito em nossas vidas, muitas brigas, ou até mesmo mortes já teriam sido evitadas. Principalmente aquelas que se iniciam "em nome de Deus". O problema não está em discutir assuntos polêmicos. O problema está em não respeitar que o outro tenha um modo de pensar diferente do seu.

homem_bomba1 

E por hoje é só!

 

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6 mil pitacos!:

Anônimo disse...

Se Deus fosse um único Deus desde os primórdios da humanidade ou então se alguém nunca tivesse a "grande ideia" de antropomorfizar o sol, talvez hoje eu fosse teísta. Mas como acreditar em algo que tem "concorrentes" em outras partes do mudo e em outros momentos da história?
Como alguém pode dizer com certeza que o seu deus é o certo e o deus do outro é errado?
Como acreditar na existência de deus apenas pela confiança em livros feitos por homens, conforme suas próprias conveniências?

"Rezar para o sol ou rezar para Deus resulta na mesma proporção de pedidos atendidos".

Beth Amorim disse...

Gostei muito do comentário, Alysson!!! Você tem toda razão! Penso assim, igual a você!

Tryniti disse...

Olá Beth, saudades. No princípio era o homem, e o homem criou deus a sua imagem e semelhança. Como não havia conhecimento do que eram as atividades naturais, iniciou-se um endeusamento sem limites. O deus trino cristão não é invenção nova, já está em culturas de outros povos há muito tempo, só eles que ainda não perceberam isso. Sabe o que mais me espanta, é que a maioria pensa que a bíblia é um livro sem falhas e que, como cada um tem seu estilo próprio de interpretação, eles mesmos acabam se confundindo em tantas teorias e misticismo, e não conseguem entrar em um acordo. Não temos que provar nada pra ninguém. Deixo aqui um frase que gosto muito de citar: Não basta apreciar a beleza de um jardim, sem ter que imaginar que há fadas nele? Minha querida, estou torcendo para que vc supere essa dor que ainda está passando. A vida continua, e se precisar estou aqui, embora longe mas te apoiando em que precisar. Abraço do seu amigo Adriano.

Beth Amorim disse...

Ôpa, meu amigo Adriano!

Obrigada por mais uma colaboração aqui no blog e pelo apoio que estás me dando...

Unknown disse...

olá Beth.
Sou Cristão,porque creio que Jesus é a manifestação do Deus invisível.Tou escrevendo,não para tratar de religião,mas sim por admirar a sua postura de imparcialidade contra qualquer tipo de proseletismo.Lendo o seu texto ,lembrei-me de VOLTAIRE " Não concordo com o que vc diz,mas concordo com o direito que vc tem de dizê-lo".Não questiona sua crença,ou a ausência dela,mas como vc nos ensina o espírito verdadeiramente democrático neste seu espaço.

Beth Amorim disse...

Nonato, gostaria muito que todos os Cristãos tivessem o seu posicionamento. Admiro muito o seu jeito também. Professa sua fé sem fanatismo e com respeito pelas diferenças. Você deveria ser um exemplo para os demais...

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